A arquitetura de uma escola ou no caso, um Instituto Politécnico Superior, contemporânea com ensino colaborativo pode ser um desafio maior do que o normal, por ser um modelo inovador e ainda pouco usual. No entanto, tal como o cliente, aqui no Obra Atelier acreditamos que as escolas não são apenas um local para a educação, mas devem sobretudo servir como um espaço para estimular a inspiração e a curiosidade.
No briefing, o Instituto tinha de ter uma arquitetura simples, mas contemporânea e centrada no aluno. Localizado no Lubango, em Angola seria uma expressão da missão do Instituto de ensinar a ciência, a prática e os negócios da medicina através de uma aprendizagem colaborativa.
Esta escola contemporânea com ensino colaborativo é, uma proposta de educação diferenciada, que preza por colocar os estudantes no centro do processo de aprendizagem. Dá prioridade à experiência prática e à experimentação dos alunos, assim como à realização de projetos que permitam que eles coloquem a "mão na massa" — muito coerente com a Cultura Maker que surge na contemporaneidade.
Há uma valorização da criatividade, da interdisciplinaridade, da utilização de ferramentas tecnológicas na sala de aula e da colaboração para uma aprendizagem mais conectada com a realidade do mundo que eles vão encontrar fora da instituição de ensino.
Concluímos que este tipo de aprendizagem requer um ambiente desenhado para tal. As escolas contemporâneas com ensino colaborativo, necessitam de novos parâmetros para o projeto de arquitetura para garantir que os seus espaços funcionem eficazmente de acordo com as necessidades do processo de ensino-aprendizagem.
Vamos mostrar como introduzimos neste projeto alguns desses parâmetros: Venha descobrir...
Uma escola contemporânea com ensino colaborativo tem a educação centrada na participação ativa do aluno. Esta é baseada em “…práticas pedagógicas de natureza colaborativa e exploratória…” em detrimento de uma aprendizagem passiva, baseada na “…transmissão de conhecimentos…” , centrada exclusivamente no professor.
O espaço da sala de aula perde o seu carácter central, o processo de ensino/ aprendizagem estende-se para fora desta, para novos espaços que permitam atividades complementares. E é incentivada uma nova forma de aprendizagem mais autónoma. A capacidade de iniciativa e de trabalho em equipa são tidas em conta e o uso das novas tecnologias de informação e de comunicação (TIC) é visto como meio privilegiado para o acesso a aprendizagem.
São propostas as plantas-livres, ou plantas abertas nas salas de aula, que dão a oportunidade de escolha e gestão do espaço de forma flexível e permeável em função da necessidade, gerando autonomia e responsabilidade aos alunos e professores.
O movimento entre ambientes diferentes, e a possibilidade de criação de ambientes ajustados ao momento, permitem momentos de trabalho individual e servem para melhorar atividades em grupo que ensinam valiosas habilidades sociais. Esta possibilidade associada ao mobiliário flexível, estimulam a inovação e ajudam os alunos a desenvolver ativamente os seus interesses, aprendendo de maneiras diferentes.
Numa escola contemporânea com ensino colaborativo, um dos pontos fulcrais, é desenvolver um ambiente focado no aluno. Para tal, propusemos uma mudança importante na sala de aula tradicional: a mesa do professor foi substituída por um pódio que pode ser movido pela sala. O objetivo é a descentralização da sala de aula para criar um layout policêntrico de forma a captar e manter a atenção de todos os alunos.
O modelo de educação onde o estudante apenas ouve o professor e copia o conteúdo, fica cada vez mais obsoleto. Para dinamizar a aula e ampliar as possibilidades de aquisição de conhecimento, ao contrário dos métodos tradicionais de ensino, em que o aluno tem de acompanhar o professor, o aluno passa a ser mais responsável pela sua própria aprendizagem e os professores são vistos como guias, para ajudar e facilitar quando é necessário.
O mobiliário é outro ponto fundamental introduzido. Este é adequado para disposições flexíveis na sala de aula. O mobiliário deve para isso permitir realizar diversas configurações ao longo do dia, através dos quais se pode rapidamente converter o ambiente para acomodar espaços privados e/ou compartilhados.
Reorganizar o espaço de aprendizagem várias vezes ao longo do dia, transforma a maneira como os alunos aprendem, pois chama a atenção dos alunos e permite uma variedade de tarefas. Eles são assim mais capazes de absorver e processar informações com base num nível mais alto de envolvimento com o trabalho que estão a fazer.
Existe por consequência um ganho económico: como as escolas podem usar o mesmo mobiliário flexível em varias disposições, em vez de que comprar novos itens para fins específicos. Desta forma, a sustentabilidade é alcançada e mantida em toda a escola.
Opções de mobiliário flexível e versátil, espelham muito bem a ênfase da escola contemporânea com ensino colaborativo de responder a diferentes necessidades e estilos de aprendizagem. Na verdade, quanto maior for a versatilidade do mobiliário de uma escola, melhor será a adaptação em espaços menores e de múltiplos usos.
Os arquitetos acham que as salas de aula ainda são melhores com divisórias estantes e móveis que podem ajudar a organizar uma sala de aula de novas formas.
Incorporar quadros apagáveis ou superfícies de quadro branco aos sistemas de divisão dos espaços, permite que os alunos representem de forma imediata e próxima uma visão gráfica do trabalho em grupo. Torna-se extremamente útil para discutir e trocar opiniões uns com os outros, e também os ajuda a alcançar uma melhor experiência de trabalho em grupo.
Outra vantagem, é poderem criar salas de aula temporárias porque as divisórias são fáceis de montar e transportar. Divisórias móveis e móveis escolares flexíveis podem transformar espaços focados no indivíduo, para locais mais sociais e orientados para o trabalho em grupo.
Ao permitir que o desenho do espaço promova organicamente mais colaboração, os alunos irão sentir-se mais confortáveis, e mais predispostos a aprendizagem.
A tecnologia hoje em dia desempenha um papel fundamental na vida de todos. Ela está inserida na sociedade e numa escola contemporânea com ensino colaborativo, esta é utilizada para ajudar os seus alunos nos estudos, pesquisas e agilizar o processo de aprendizagem.
Para aproveitar ao máximo os benefícios proporcionados pela tecnologia, propusemos as salas de aula equipadas com projetores LCD, câmara de documentos, e quadros brancos de alta tecnologia. Através da integração da tecnologia na sala de aula, os alunos podem ampliar os seus conhecimentos, e obterem perceções diferentes e estarem mais envolvidos e engajados em debates.
Outro desafio interessante do projeto de arquitetura, além do foco na componente letiva, foi conseguir de forma natural a eficiência energética, tanto a nível térmico, como usufruir da luz natural de forma controlada.
Uma solução passou pelas palas externas horizontais para “proteger” as superfícies planas e envidraçadas que recebem maior insolação. Este sistema, foi calculado para controlar a luminosidade no interior do edifício e criar o ensombramento necessário. Vai assim resultar em ganhos na energia despendida para a iluminação, otimizando-se a entrada de luz natural, aumentando o conforto e a sensação de bem-estar nos espaços, como representar ganhos para o arrefecimento dos espaços interiores.
Outra solução, passou pela ventilação transversal dos pisos e das coberturas e de todo o interior, incluindo a caixa-de-ar formada pelo forro dos telhados e a do próprio piso térreo, inferiormente, sobrelevado do solo. Definiu-se uma fenestração específica bem dimensionada e adequada a essa ventilação, que vai reduzir eficazmente e de forma natural a incidência solar e a temperatura.
A experiência de aprendizagem é naturalmente sobre futuro e inovação, mas também sobre liberdade e criação. Quando o estudante se sente de forma agradável e prazerosa no ambiente escolar, as oportunidades para a criatividade e a expressão serão também impulsionadas.
Descubra aqui outro exemplo, num contexto diferente, mas onde a arquitetura faz toda a diferença na aprendizagem e crescimento do aluno.
Aqui no Obra Atelier, não pretendemos inventar as escolas do futuro, mas impulsionar através da arquitetura jovens criativos e curiosos, assentes na partilha e no reconhecimento do próximo. Por isso este foi um desafio que nos deu imenso prazer resolver: criar a “casa” do Instituto Superior Politécnico VIDA segundo a visão holística do cliente, e a nossa perceção do que deve ser uma escola.