Iluminação natural: dicas para a luz natural invadir uma casa
Casas com luz: esta é uma das principais tendências arquitetónicas dos últimos anos. A iluminação natural é, muito mais do que uma garantia de sustentabilidade e economia, uma forma de proporcionar bem-estar e saúde. Descubra neste artigo como valorizar este recurso fantástico e deixar a luz natural invadir os espaços interiores.
Uma divisão sem janelas e escura. Áreas mal dimensionadas, espaços limitados por construções vizinhas ou janelas demasiado pequenas. Quais os sentimentos que esta descrição lhe transmite? Provavelmente estes são retratos de ambientes tristes, pouco confortáveis e nada aconchegantes. Aqui a iluminação natural não se propaga e não é uma prioridade. Na verdade, deixar a luz natural invadir uma casa é deixar a vida entrar e permitir a alegria.
A iluminação natural nada mais é do que uma técnica que utiliza a luz solar como principal fonte de claridade em ambientes interiores. Incorporar luz natural num projeto de arquitetura permite reduzir a necessidade de iluminação artificial, o que se traduz em economia de energia e na redução de emissões de carbono.
Este tem sido um trunfo poderoso dos arquitetos, aproveitando de diferentes formas a luz do sol para criar ambientes atrativos e confortáveis. O seu papel passa por identificar, estudar e avaliar - seja numa nova construção ou numa reabilitação - parâmetros cruciais como o clima, a orientação solar e as horas de luz por dia, acompanhando o design, instalação e operacionalização.
“A iluminação natural é a forma mais saudável, económica e sustentável de iluminar um espaço."
Norman Foster, um dos mais influentes arquitetos da atualidade, é também um grande defensor da iluminação natural, incorporando esta característica nos seus projetos, através de claraboias, janelas amplas ou outras soluções arquitetónicas.
A iluminação natural é cada vez mais uma tendência na arquitetura, na construção e na decoração de interiores. Além dos benefícios na redução do consumo de energia elétrica - fundamental para a sustentabilidade e economia - destacam-se benefícios estéticos, funcionais e até para a saúde.
É inegável o papel da iluminação na arquitetura. A luz, seja natural ou artificial, pode transformar um ambiente. Como? É um elemento criativo através do qual se criam espaços e efeitos, valorizam-se e enaltecem-se formas.
Ainda que a luz artificial seja uma enorme mais-valia, a iluminação natural é essencial. Proporciona beleza e conforto numa equação perfeita, principalmente em países em que a incidência de luz solar é elevada. Em Portugal, por exemplo, estimam-se em média 3000 horas de sol por ano, ou seja, é um dos países mais ensolarados da Europa.
A história mostra-nos que, ao longo dos anos, o uso de aberturas em projetos arquitetónicos sempre foi uma realidade. Mas, é no início do século XX, com o desenvolvimento da arquitetura contemporânea, que as aberturas assumiram um papel ainda mais importante no design dos edifícios, graças a arquitetos como Le Corbusier e Mies van der Rohe que começaram a explorar a relação entre a luz, o espaço e a forma.
A iluminação natural é um dos elementos mais importantes desde o projeto arquitetónico até ao projeto de interiores. Se qualquer divisão pode beneficiar com o uso de iluminação natural, também pode ser prejudicada pela falta dela. Quando bem pensada, projetada e articulada proporciona harmonização, beleza e bem-estar.
Não é apenas uma questão estética ou funcional. A iluminação natural tem benefícios comprovados na saúde e na qualidade de vida, mas também na sustentabilidade e na economia. Deste modo, destacamos 4 vantagens da utilização de iluminação natural:
1. Melhoria da qualidade de vida
Provavelmente já percebeu que se sente melhor num ambiente com luz solar do que num espaço iluminado apenas por um candeeiro. É inegável a influência da luz natural no comportamento humano, proporcionando sensações de bem-estar, boa disposição e alegria. Mas, além dos benefícios na saúde emocional, são comprovados os benefícios na saúde física. A luz solar estimula a produção de vitamina D que regula o ciclo biológico, melhorando o sistema cardíaco e circulatório. Além disso, não podemos esquecer que a luz natural evita a sobrecarga na visão.
2. Harmonia estética garantida
Diretamente associada a conceitos como vida, alegria e beleza, a luz solar surge em contraponto com a escuridão. A iluminação natural é um elemento que enriquece a arquitetura e valoriza esteticamente qualquer divisão, destacando as cores e texturas utilizadas, tornando-as mais vibrantes e atrativas.
Cor e iluminação natural estão intrinsecamente relacionadas e devem ser consideradas juntas ao projetar um espaço. A luz natural pode afetar a aparência das cores e criar efeitos interessantes de sombra e reflexão, e a escolha das cores certas pode ajudar a complementar e realçar a iluminação natural, como explicamos neste artigo no nosso blog.
3. Economia de energia elétrica
Recorrendo à iluminação natural é desnecessária a utilização de iluminação artificial durante o dia principalmente. Como tal, investir neste recurso é uma forma de reduzir o valor das faturas de eletricidade. Mas, estará também a contribuir para a sustentabilidade do meio ambiente, já que quando usamos luz natural não existe a emissão de gases de efeito de estufa relacionados com a energia elétrica.
4. Capacidade de adaptação a diferentes espaços
Numa moradia nova, num apartamento ou num projeto de restauro, a iluminação natural é adaptável a todos os espaços. A forma como é utilizada pode variar segundo o estilo de arquitetura e as necessidades específicas do projeto, mas, em geral, a luz natural pode ser incorporada em praticamente qualquer tipo de edifício. Desde edifícios modernos até construções históricas, a luz natural pode ser usada para melhorar a qualidade de vida dos ocupantes e reduzir a necessidade de iluminação artificial.
Apesar das vantagens, recorrer à iluminação natural num projeto de arquitetura tem também algumas desvantagens:
1. Maior conhecimento técnico
Os projetos de iluminação natural exigem conhecimento técnico não só sobre o posicionamento do sol relativamente à construção, mas também sobre as melhores soluções para cada situação. Qual o tamanho da abertura para a entrada de iluminação? Quais os melhores materiais? Qual a solução mais eficiente e sustentável? O aconselhamento profissional de um arquiteto fará toda a diferença perante estas questões.
2. Necessidade de limpeza e manutenção
Seja por claraboias ou caixilharia, a iluminação natural exige maiores cuidados relacionados com a limpeza para garantir a adequada passagem da luz natural. Por outro lado, consoante a técnica de iluminação natural utilizada pode haver maior ou menor necessidade de manutenção. Ainda assim, todas as técnicas exigem manutenção para garantir a boa transmissão de luz.
3. Recurso com disponibilidade limitada
A iluminação natural está disponível apenas durante o dia e depende de condições climáticas, o que significa que pode não estar disponível em todos os momentos e/ou localizações. Por outro lado, a sua intensidade também pode variar bastante ao longo do dia e das épocas do ano, dificultando a consistência na iluminação.
No entanto, estas desvantagens são consideradas menos relevantes em comparação com os muitos benefícios da iluminação natural para o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental. Com planeamento cuidadoso e aconselhamento profissional, podem mesmo ser minimizadas ou eliminadas.
As principais formas de aproveitar a iluminação natural são:
1. Iluminação zenital: proveniente de coberturas com uma abertura para facilitar a entrada de luz, como, por exemplo, claraboias, domos/cúpulas, telhas translúcidas, lanternins ou sheds. É o tipo de solução mais popular para projetos comerciais ou profissionais, como centros comerciais e empresas, mas também pode ser aplicada em habitações, principalmente as que são baseadas em arquitetura verde;
2. Prateleira de luz: técnica que consiste no uso de estruturas horizontais que transformam a luz solar direta em indireta e refletem a luz verticalmente. Esta é uma boa opção para locais com alta incidência solar;
3. Caixilharias: recurso a portas e janelas de diferentes modelos e materiais para permitir a entrada de luz solar;
Perante as diferentes soluções disponíveis no mercado, o arquiteto será a ajuda perfeita para elaborar um estudo antes da sua concretização, uma vez que é fundamental estruturar e calcular a aplicação da técnica previamente. Mas, em que fase contratar um arquiteto? Respondemos a esta dúvida neste artigo.
1. Investir em portas e janelas
A caixilharia é a forma mais comum de garantir os benefícios da iluminação natural, uma vez que mais janelas permitem maior entrada de luz.
Escolher o tamanho adequado da caixilharia é decisivo: uma janela ampla deixa uma divisão mais exposta, permitindo assim a receção de maior quantidade de luz, como neste exemplo dos escritórios Tipografia Litotipo, em Luanda, Angola, em que o interior do edifício beneficia da luz natural proporcionada pelas paredes exteriores em vidro.
2. Usar espelhos para potenciar a luz natural
Uma dica de ouro, principalmente em espaços menores ou em que a caixilharia é mais pequena. Os espelhos conseguem refletir a iluminação natural para o restante ambiente, criando a ilusão de um espaço mais amplo, moderno, luminoso e acolhedor.
Mas, não basta colocar os espelhos aleatoriamente. É essencial estudar o ambiente e adequar o seu posicionamento. Estes devem, preferencialmente, ser incorporados em frente a uma janela; assim, o reflexo da luz natural é potenciado ao máximo.
Esta dica também é válida para vidros e azulejos, assim como mobiliário com acabamento liso e com brilho. Quando a luz reflete neste tipo de materiais consegue propagar-se pelos espaços, iluminando locais mais distantes das janelas e dando a sensação de maior claridade.
3. Valorizar a iluminação zenital
Imagine aquela divisão onde a abertura de janelas não é suficiente para a captação da luz natural. O que fazer? A melhor solução passa pela iluminação zenital que, como já vimos, é técnica que garante que a luz natural penetra no ambiente por pequenas ou grandes aberturas criadas na cobertura de um edifício.
A distribuição de luz num local iluminado zenitalmente dependerá do elemento usado no projeto. As claraboias são soluções sofisticadas que no Obra Atelier adoramos utilizar, sobretudo por permitir a luz natural onde não podemos abrir janelas, além do efeito cénico e dramático desta luz a surgir do teto. Por isso, foram as opções introduzidas em projetos como a Casa Tradicional Moderna e a Casa do Xisto. Neste último, foram sobretudo utilizadas em compartimentos como corredores e casas de banho, dando a possibilidade de observar o céu dentro da Casa de Xisto.
Valorizamos a iluminação natural nos nossos projetos. Não só pelo seu potencial em termos estéticos, mas principalmente pelos benefícios para a saúde, bem-estar, sustentabilidade e economia.
Apostar em técnicas de iluminação natural é um desafio a que nos propomos. A nossa equipa multidisciplinar decidirá, juntamente consigo, as melhores opções para que a luz natural invada a sua casa. Venha descobrir!